Divulgação do metal português

Archive for Novembro, 2015

Extreme Unction

Captura de ecrã 2015-11-1, às 11.37.20O nome Extreme Unction está ligado à nossa história da música mais pesada, sendo uma das bandas que marcou o movimento underground no início da década de 90 do século passado.

   A banda é formada em 1987 com o nome Guilhotina, sendo Koja o único membro que se mantêm desta fase. Em 1990 a banda muda o nome para Extreme Unction, em que conta com Pedrada nas vozes e que ainda se mantêm na formação. Em 1992 lançam a demo com o tema “Insane Procreation” e depois de vários lançamentos editam em 1995 o álbum “In Limine Mortis” através da Monasterium. Em 2008 lançam a sua última gravação, com um tema de nome “Cold Breeze of Winter”.

   Passados estes anos voltam a mostrar a sua sonoridade death / doom metal através do álbum “The Last Sacrament”. Actualmente a banda é constituída por Pedro Gonçalves “Pedrada” (voz), Koja Mutilator (baixo), Marco Marouco (guitarra), Sérgio Marcelino (guitarra) e Pedro Almeida “Tosher” (bateria).           

   Estivemos à conversa com o Marco Marouco que nos levo ao universo dos Extreme Unction, mas também que nos apresentou um pouco dele e que é um grande apaixonado pelas sonoridades mais extremas.

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Viva Marco! Primeiro do que tudo queria agradecer-te pela tua disponibilidade para responder a estas perguntas, especialmente quando estás no meio da preparação do álbum “The Last Sacrament”, que marca o regresso dos Extreme Unction. Como surgiu a ideia de se voltarem a reunir e preparar este álbum?

Boas Marco!!! Hahahaha. A ideia do “The Last Sacrament” surgiu quando estávamos a gravar Festering em minha casa, tenho aqui um estúdio montado, então foi fácil, eu tinha uns riffs o Koja também, decidimos falar com os membros que gravaram o “In limine Mortis” e todos aceitamos gravar o que seria ou será o último disco da banda 20 anos depois do primeiro e único hahahaha.

O Bruno esta em NYC ele disse que gravava as baterias lá e enviava, mas isso demorou muito tempo e ao fim de uns meses ja tinhamos o disco composto e gravado e nada de respostas, decidimos falar com o P.Tosher para gravar as baterias, ele ouviu as músicas parece que curtiu e aceitou o disco ficou como queriamos, um som fodido, muito rock.

 

O objectivo é manter a sonoridade anterior de Extreme Unction ou irem por caminhos diferentes?

A gravação foi muito expontânea, inventava riffs, curtíamos, gravávamos, o Sérgio inventava a guitarra dele por cima do meu riff ate gostarmos todos e gravávamos… saiu o que saiu. Eu só componho para Extreme Unction, em todas as outras bandas nunca compus, fiz umas letras mas musicalmente nunca fiz nada, a não ser inventar os solos que por acaso são todos improvisados hahaha. Por isso os Extreme Unction têm muito do passado. Em termos de composição nóss sabemos o que falta e o que não falta numa musica de Extreme Unction, mas como todos fomos ouvindo outras músicas ao longo de 20 anos isso aparece no disco… Eu puxei pelos Thin Lizzy e Rainbow, o Sérgio pelos noruegueses o Koja pelos putrefactos que por ai andam… tem doom, heavy, death…

 

Todos vocês são já conhecidos de há longa data, mas como foi estarem todos na mesma sala a ensaiarem?

Para mim que não estou habituado a ensaiar foi fixe estar ali com o pessoal a curtir a tentar tocar as músicas todos juntos porque foi a primeira vez que tocamos todos juntos, nao suou bem mas foi um momento muito bom pegar nas guitarras e abanar as gadelhas

Com vários anos de experiência e em várias bandas o que pretendem transmitir com este regresso e o que esperam quando voltarem aos palcos sob o nome de Extreme Unction?

Não queremos transmitir nada de transcendental, apeteceu-nos fazer musica nova e ja que faziam 20 anos da edição do “In Limine Mortis” era giro conseguir editar músicas novas, falamos com algumas editoras e o Luis Lamelas da Chaosphere decidiu apostar no novo disco, em relação aos palcos, se quiserem ver Extreme Unction mandem mail para extremeunctionpt@gmail.com eu vou lá para abanar a gadelha e siga, eu curto de certeza hahaha.

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Como surgiu a oportunidade de ingressares na banda em 1994?

Epá a ver se me lembro, eles só tinham um guitarrista o Mantus de Moonspell e andavam a procura de outro guitarrista mais melódico…acho, aprendi as músicas em casa do Koja e lá demos um concerto que correu bem.

 

Já conhecias alguns elementos da banda?

Com o Mantus estudei um ano no liceu e outro no conservatório de musica, o Koja e o Pedrada conhecia-os da escola de trocar discos, coisas que se faziam antes..

 

Antes da tua entrada ocorre a situação do Koja deixar o baixo para ser guitarra ritmo , devido à necessidade da banda, passando Pedrada para o baixo e voz, mas como não consegue fazer tudo ao mesmo tempo decidem convidar a Cláudia para a voz! Era sempre comum estas alterações ao longo dos anos?

Sim, isso era muito comum. O pessoal que tocava era pouco, éramos chavalos e não tínhamos muita experiência, então nem sempre os músicos se aguentavam muito tempo. Havia quem não tivesse grande talento para a música, outros sem disponibilidade e grande vontade para continuar. No início é muito fixe tocar numa banda, depois começas a ensaiar e a seres obrigado a dedicar algum tempo a isto, e aí é que as cenas começam a complicar. Até achares um line-up estável era lixado. Depois uns curtiam tocar umas cenas, outros preferiam outras e nem sempre se conseguia conciliar os gostos musicais de cada um. Pelos Extreme Unction, passou muito pessoal que foram para outras bandas: Moonspell, Ravensire, Sacred Sin, Gritos Oleosos, Desire… olha o meu caso, que toquei e toco em várias bandas e projetos. Só aí dá para se ter uma ideia do que já se passou durante estes anos.

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Como consideras esses primeiros anos dos Extreme Unction, que tem o ponto alto o lançamento do único longa duração “In Limine Mortis” de 1995?

Foram anos de muitas mexidas, entradas e saídas. Devido a isso as cenas da banda terem demorado a sair e tão espaçadas umas das outras. Se os Extreme Unction tivessem mantido uma formação mais ou menos estável, de certeza que a coisa podia ter dado mais frutos e não tivesse ficado só por estes lançamentos. Mas a banda mesmo sem músicos fixos, ia tocando ao vivo, com músicos emprestados, ex-membros que faziam uma perninha… ou seja, a banda mantinha-se viva e activa, mas precisava de mais estabilidade para mandar cá para fora mais material, fazer mais lançamentos.

 

No início deste século, decides rumar aos Sabatan, banda madrilena de heavy metal, da qual participas inicialmente como baixista, gravando o álbum “Fire Angel” em 2006 e também fazes parte da icônica banda de thrash metal madrilena Omission aqui sim, como guitarrista e do qual participas entre outros lançamentos, no “Thrash Metal is Violence” de 2009 e “Merciless Jaws from Hell” de 2011. Como surgiu esta oportunidade por terras espanholas?

Fui para Madrid por motivos profissionais. Fui saindo na noite madrilena e conhecendo o pessoal, ao princípio era complicado falar com eles mas com o passar dos tempos já me fazia entender hahaha.

 

Como foi o teu contacto inicial com Sabatan e mais tarde com Omission?

Foi muito fixe, os Sabatan conheci-os pelos bares em que tocavam, ia ver ensaios e no fim dos ensaios tocava guitarra. Com o baterista gravámos uma demo, um EP e um disco nos quais participei com algumas letras. Os Omission ensaiavam ao lado e precisavam de um guitarrista, como ja lá andava o baterista de Sabatan a fazer uma perninha ele convidou-me para ir tocar guitarra, e lá fui eu.

Que achas da cena underground espanhola e quais os seus pontos fortes?

A cena underground espanhola está muito bem de saúde apesar das queixas, há bandas aos pontapés e muito boas, desde o hardrock dos Tequilla Sunrise ao heavy dos Ciclón, Leo, Frenzy, Wild ao thrash Omission, Hellraisers, Agresiva, Angelus Apatrida, death metal e grind aos pontapés com Haemorrage, Gloom, Embloodyment, black metal tambem há… têm sitios onde ensaiar, apesar de caros eles existem, muitas salas para concertos e uma associação que junta isso tudo, a Pounding Metal Union de Madrid depois cada cidade tem uma coisa do género, Metalcova em Barcelona, em Múrcia também há algo do género, Pais Basco, Badajoz… e ainda têm os festivais grandes para levar algumas bandas novas, o ponto forte sao as associações de Metal que existem em cada província…e os bares!!!!!

 

De regresso a Portugal e em parceria com o Rick e o Paulão, preparam um dos melhores álbuns de thrash metal nacional de 2014, o grande “Thermonuclear Epiphany” de Perpetratör. Houve uma necessidade tua de procurar uma banda em que pudesses transmitir a tua energia, ou o contacto foi feito por eles?

O Rick já me andava a chatear há uns anos para gravar essa porra mas faltavam as músicas, quando o Paulão nos apresentou as músicas ficamos um bocado baralhados com tanta qualidade, só com bateria e guitarras o que nos deu muita pica para continuar o caminho, os solos para variar foram inventados na hora, gravei uns 8 solos por música e o Paulão depois escolhia, depois o Rick gravou o baixo e a voz e a coisa funcionou, ficámos muito contentes com o resultado final.

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Um dos teus grandes prazeres é estares acima de um palco e desde o ano passado também participas ao vivo nos concertos de Filii Nigrantium Infernalium. Qual o conselho que darias aos músicos das novas bandas que ainda não tem muita rodagem em cima do palco?

Não se metam nisto hahahahaha… se for para curtir, siga, é ir para o palco e principalmente curtir o momento, esse já fica para ti, mesmo que depois tentem não pagar o cachet hahaha. E não fiquem paradinhos a mostrar que sabem tocar, quem é que curte paradinho??? Se derem pregos, azar! Para a proxima sai melhor.

 

Antes de acabarmos, como foi a tua iniciação na audição deste som eterno?

O meu irmão passou-me uma tape com o “Piece of Mind” de um lado e o “The Number of the Beast” do outro… foi o verão todo a partir brita… depois vieram os Venom, Twisted Sister, Motörhead, Celtic Frost e a thrashalhada toda tanto alemã como Bay Area como brasileira.

 

Ainda te lembras dos primeiros álbuns?

Sim… o primerio disco que tive foi subtraido numas eleições para a associação de estudantes na escola… Foi o “Peace Sells”… depois comprei uma colectânea dos Motörhead em cd… A partir dai foi sempre a comprar vinil tudo o que era da Noise Records… tive que vender tudo para ir para Madrid hahahaha…pobres.

 

O thrash metal tem uma grande influência na tua formação ao longo dos anos?

Sim mas não é a principal, eu sou mais do Heavy, aprendi muito com os guitarristas de thrash mas gosto mais dos do Heavy, Dave Murray, John Sykes e o grande Van Halen.

 

Agora sim, terminamos a entrevista e ficamos a aguardar “The Last Sacrament”, um dos retornos mais esperados dos últimos tempos. Muito obrigado por tudo Marco e as últimas palavras são tuas.

Obrigado pela entrevista e pela oportunidade de dar a conhecer os Extreme Unction comprem o disco na Chaosphere Recordings / Glam-o-rama e mandem mails a convidar o pessoal para tocar.

DOOMED WE LIVE…IN DEATH WE TRUST


Ode Lusitana # 11 – Novembro 2015 já disponível

Captura de ecrã 2015-11-19, às 21.38.04O número de Novembro da Ode Lusitana já se encontra disponível para leitura e download.

Fanzine de divulgação do metal português com entrevistas a Extreme Unction (Marco Marouco), Wrath Sins (Miguel Silva) e ao criador do jogo Metal Pursuit (Fernando Reis). Notícias sobre X-Mas Beast Feast 2015, Disaffected, WEB, Throne of Chaos, Evillution, Hang the Traitor e Vomit of Torture.

Acede a este número através do facebook ou pelo issuu.

http://a%20href=http://issuu.com/marcosantos6/docs/ode_lusitana_11issuu.com/marcosantos6/docs/ode_lusitana_10/a

 


My Enchantment

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My Enchantment, banda do Barreiro formada no ano 2000 e praticante de black metal / melodic death metal com componentes sinfónicos, edita em 2005 o seu primeiro longa duração “Sinphonic”. No ano passado voltam as edições, desta vez com o EP “The Death of Silence”, do qual faz parte o single “The Fallen”. A banda é constituída por Alex Zander (voz), João “Grande” (guitarra), Pedro Alves (guitarra), Rui Gonçalves (teclado), Fernando Barroso (baixo) e Ricardo Oliveira (bateria).

   Estivemos à conversa com o vocalista Alez Zander, onde nos mostra a razão de ser uma banda em que todos necessitamos de estar atentos.

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Olá Alex Zander! É um prazer teres aceite o convite para responderes a estas perguntas para a Ode Lusitana.

Para começar, como se dá a tua entrada nos My Enchantment no ano de 2012? Já conhecias bem a restante formação?

Boas Marco, obrigado pelo convite .
Está agora em “Outubro” a fazer 3 anos que fiz um casting para o lugar de vocalista, eu não conhecia ninguém da formação actual ou anterior mas conhecia a banda e algumas músicas.

Em 2005 editaram o único longa duração, “Sinphonic” e devido a vários problemas, que envolveram uma alteração profunda na formação da banda, editam em 2014 o EP “The Death of Silence”.

Nós já estávamos na gravação do nosso 2º álbum, quando faltava gravar a voz, então o vocalista decide sair da banda, como um efeito colateral houve também algumas alterações quer na guitarra e teclas, o que dificultaram o progresso e o retorno de forma estável aos palcos e gravações.

 

Esta edição foi para mostrar ao público que estavam de regresso às edições, em vez de se prepararem para lançar um segundo longa duração?

De certa forma sim, a banda delineou que voltaríamos aos palcos e durante isso iriamos compor e preparar a gravação de um ep com temas inéditos compostos pela nova formação, logo no início de 2013 começamos a tocar ao vivo e durante esse ano gravamos e colocamos disponível para venda o ep nos nossos concertos durante 2013/2014.

Regressamos com um EP para quem esperou muito tempo, um álbum levaria mais tempo.

Como foi trabalhar nestes temas?

Foi muito bom, estivemos muito empenhados na composição, e a preparar tudo cuidadosamente para que corresponde se às nossas espectativas, trabalhamos muito com maior frequência de ensaios e juntar as várias ideias de cada um.

12074684_1177623998920327_1799310105832355252_n-2Qual a importância desta edição para ti?

Confesso que foi um verdadeiro desafio e responsabilidade, a banda tem uma grande reputação no underground nacional e mais de uma década e meia de vida, bons músicos com objectivos bem definidos que iam ao encontro dos meus, a dedicação e empenho de todos contra as adversidades que fomos encontrando ao longo do tempo fez com que o “The Death of Silence” fosse muito especial por todos os desafios e objectivos realizados .

Como surgiu a parceria com a Music In My Soul para a reedição deste trabalho?

Em meados de 2014 houve uma proposta da MIMS que na altura parecia interessar aos objectivos da banda , o ep estava a ser vendido de forma promocional, para mais tarde editarmos uma versão final que fosse distribuído para venda nas lojas, íamos precisar disso e apareceu alguém com uma proposta para que tal acontecesse.

Podes adiantar-nos alguma coisa do novo álbum a editar no primeiro semestre do próximo ano?

Estivemos a tentar para que isso acontecesse no final deste ano mas não está a ser possível por isso esperamos, que muito antes do verão tenhamos o álbum na mão.
O álbum instrumentalmente é a continuação do EP, no conteúdo lírico será bem diferente . Ainda não definimos bem o número de temas que irá conter, pois temos material que excede o tempo de um CD.

Conta com temas muito agressivos com a sua melancolia sinfónica que já conhecem no EP.

My Enchantment tem participado em vários concertos nos últimos tempos e brevemente estarão no VI Festival Irmandade Metálica.

Os concertos ao vivo são um dos vossos principais objectivos com a banda?

Este último ano e meio tem sido bom tocamos quase todos os meses em diferentes sítios e festivais e tem sempre havido uma boa reacção tanto das pessoas como dos locais onde actuamos.
Mas neste futuro próximo (2016) essa rotatividade não tende a abrandar muito, queremos tocar ao vivo o máximo possível e tencionamos preparar tudo para o nosso próximo álbum, criar o cenário e ambiente adequado para o que acreditamos ser o início de algo que será muito bom para a banda após o lançamento.

O que achas desta enorme quantidade de eventos que tem surgido nos últimos tempos?

Muito bom e talvez mau (risos) temos tendência a criticar ou por ser em excesso ou por falta dele.
Actualmente são alguns, quero ir ver concertos diferentes e no fim descubro que são no mesmo dia e em locais completamente distantes um do outro (risos).
500x500O público tem respondido ao surgimento destes eventos, assim como da enorme quantidade de bandas que tem surgido?

Varia muito do local e do tipo de evento que se realiza, de certa forma nota se diferença de concerto para concerto na adesão.

Que achas da situação actual do metal nacional?

Tem evoluído ao longo dos anos em umas coisas e regredindo em muitas outras.

Como nasceu esta tua paixão pelo metal e que banda ouviam no início?

Para ser sincero nem me recordo de ano ou altura que tal aconteceu eu acho que já nasci a ouvir metal (risos), foi sem dúvida pela minha irmã mais velha ouvir thrash/death metal que eu comecei a ouvir música e a ter juízo.
Ouvia e ouço muito death metal americano e nórdico até que no inicio da década de 90 conheci bandas de black metal escandinavo e comecei a seguir religiosamente até aos dias de hoje , assim como outros géneros de metal.

Também eras um adepto dos concertos e do ambiente transmitido?

A partir do momento que fui a um concerto e gostei fiquei viciado, e claro que tudo o que proporcionar um bom “ambiente” é mais um dos motivos porque se gosta tanto de ir a concertos.

Como surge o teu interesse pela participação como músico nas bandas?

Eu era mais um dos que ouvia musica e desenvolvi curiosidade por estudar, tentar tocar o que ouvia das bandas que eu gostava, depois de conhecermos a música queremos progredir e aplicar o nosso conhecimento e sentimento junto de outros ou individualmente, fazer aquilo que ouvíamos outros fazer.

Eu ia a muitos concertos, assim que dei o meu 1º concerto gostei tanto que não quero parar.

Algo que começa como um gosto pessoal e depois queremos mais, a música faz parte de mim e do meu quotidiano, para os bons e maus momentos faz me sentir bem.

No último número da Ode Lusitana, realizamos uma entrevista com o Rui Vieira dos Baktheria, banda da qual fazes parte como baterista. Como surges nesta banda e como nasce este teu contacto com o Rui Vieira?

Eu tinha deixado de tocar bateria em um projecto anterior e estava disponível para voltar a tocar, conheci o Rui por um anúncio há procura de baterista para um projecto que ele já tinha, ainda ensaiamos umas vezes até que um tempo mais tarde ele quis formar uma banda e falou comigo, começamos então a trabalhar no álbum pouco tempo depois entra o Rui Marujo e foi assim que se instalou o caos e a desgraça.

O que nos podes dizer do novo trabalha que tens de nome Cisne Negro?

Projecto diferente dos meus outros, que se está a revelar no bom caminho, agora é só uma questão de estar cá fora e de tempo.

E assim chegamos ao final desta entrevista, da qual agradeço novamente a tua colaboração. Estas últimas palavras são tuas e podes dizer o que quiseres!

Obrigado Marco pela tua vontade e dedicação há divulgação do metal assim como há Ode Lusitana pela sua existência e contributo.
Obrigado a todos os que colaboram e contribuem para o Metal \m/


Cape Torment

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Cape Torment, colectivo do Porto formado em dezembro de 2011 com um nobre objectivo: “recuperar a brutalidade que os fez homens nos saudosos anos 80: Death Metal!”.

Com uma forte participação ao vivo, tem previsto para este último trimestre de 2015 o lançamento do EP homónimo de estreia e que aguardamos com ansiedade!

A banda é constituída por Bombeiro (voz), Paulo Voivod (guitarra), Ary Elias (guitarra), Luís Botelho (baixo) e Patrick (bateria). Foi com Ary Elias que tivemos esta entrevista e que nos mostra a vivência dos Cape Torment, assim como o envolvimento dele no meia musical extremo.

 

– Olá Ary! É um prazer e sê bem-vindo a este número da Ode Lusitana e queria agradecer a tua disponibilidade para 

10153874_757605787597179_8120691294108102787_n-3responderes a algumas perguntas. Como és o elemento mais recente dos Cape Torment, entrando para a banda há poucos meses, diz-nos como é que conhecias os restantes membros e como surgiu esta oportunidade? Acompanhavas as apresentações da banda? Como decorreram os primeiros ensaios e como correu com o Patrick, o novo baterista?

Eu é que agradeço a oportunidade e o interesse demonstrados pela Ode Lusitana.

Todos os elementos dos Cape Torment são da chamada velha guarda do metal portuense e já os conhecia há vários anos, desde o tempo em que tocavam em bandas comos os Lacrima ou Invert, ainda nos anos 90.

Com a criação do grupo facebook “Amigos da Bimotor e Tubitek anos 80/90” (que reúne os veteranos da cena que, nas referidas décadas, se reuniam nas referidas lojas de discos) pelo Paulo (guitarrista de Cape Torment), do qual todos nós fazemos parte, e consequentes convívios, jantares e concertos, os laços e amizade estreitaram-se.

Inclusive, os Cape Torment e Assassinner chegaram a partilharam palcos e quando estes últimos tocaram no Hard Club, o Paulo foi o DJ escolhido para animar as hostes.

Ou seja, não eramos desconhecidos uns dos outros. Muito pelo contrário.

Talvez por essa razão, o convite para integrar os Cape Torment surgiu de forma natural.

Os Assassinner tinham suspendido as actuações ao vivo, fruto da ausência do Alexandre (vocalista/baixista) que emigrou por razões profissionais, os Cape Torment estavam à procura de um guitarrista e o Paulo sugeriu o meu nome ao resto da banda.

A faixa etária é sensivelmente a mesma, o background é similar e o gosto pelas sonoridades mais old school com que crescemos também.

Após um primeiro ensaio confirmou-se a química entre todos, juntamos o útil ao agradável e aqui estamos.

O Patrick foi recrutado antes de mim, penso que no início de 2015. Já o conhecia dos Dethmor e Burn the Strain, com que também já tinha partilhado palcos. Quando entrei já estava perfeitamente integrado.

Nesta fase da vida, em que a família e profissão muitas vezes limitam a nossa disponibilidade, uma banda não pode ser apenas uma banda. Para além da parte musical propriamente dita, tem que haver algo mais que una e motive os vários membros. E penso que nos Cape Torment é esse o motor primordial.

– Cape Torment tem a sua fundação em 2011, mas passados estes anos é que temos a informação de que está previsto o lançamento de um EP homónimo constituído por cinco temas e uma intro. Participaste nas gravações deste trabalho? O que nós podes dizer do lançamento deste trabalho?

Há algum tempo atrás os Cape Torment chegaram a gravar alguns temas com vista à edição de um EP, mas por várias razões, o mesmo não chegou a ser concluído e editado.

Relativamente ao homónimo, quando entrei para a banda, as gravações estavam praticamente concluídas, pelo que o meu input nas mesmas foi nulo. Participei activamente noutras questões relacionadas com a sua edição, nomeadamente no que concerne ao artwork.

Com excepção da bateria, que foi registada nos Dethmor Studios pelo próprio Patrick, tudo o resto foi gravado nos Sonic Studios, com o Carlos Barbosa (Final Mercy, Ex- Cycles), que também irá misturar e masterizar o EP.

A edição está prevista para este último trimestre de 2015 e terá duplo formato, digital e CD, sendo que este último terá uma tiragem limitada.

O imaginário da banda prende-se com os descobrimentos portugueses e vai estar presente na parte musical, lírica e artwork do EP.

Os cinco temas que fazem parte do alinhamento do EP estão, na minha opinião, ao melhor nível do que se faz cá e também lá fora, dentro das sonoridades Death Metal mais old school.

As composições são coesas, com pés e cabeça e de fácil audição. Aliás, entranham-se muito rapidamente na nossa mente e dificilmente saem de lá tão cedo. Foi isso que aconteceu comigo lol

12144670_889504277797695_2531121898135627586_n– Temos vindo a assistir nas últimas semanas a um aumento dos vossos concertos ao vivo e que se estende até ao final do ano. Achas que os concertos são a melhor maneira de chegar às pessoas? Qual é a tua opinião acerca do crescente número de locais para concertos/festivais? Através disto é possível aquele circuito de bandas / público / promotores que há tanto andamos a apregoar?

A partir do momento que a formação é estável e o set está assimilado, o passo seguinte são os concertos.

Existem, de facto, muitas formas de se chegar às pessoas, seja através das gravações, streaming, vídeos, facebook, etc., mas os concertos serão, na minha óptica, o meio egoísta por excelência e que mais satisfaz os músicos envolvidos.

Acresce que, a energia que flui invariavelmente em todas as actuações é passível de contagiar todos os presentes e, como tal, causar um impacto imediato e muito mais forte nas pessoas que a simples audição das gravações.

E depois, como é costume dizer, é no palco que as bandas mostram o que valem. Em estúdio, os meios tecnológicos tudo possibilitam. No palco é a raça que conta.

O facto de se verificar um crescente número de locais para concertos, indiciam a existência de um circuito alargado para as bandas poderem mostrar os seus trabalhos é excelente.

Já é possível fazer verdadeiras tournées de âmbito nacional, não só pelos grandes centros urbanos, mas também por localidades mais pequenas, o que possibilita uma promoção mais alargada do nosso trabalho e ao mesmo tempo, manter a motivação.

Para mim é frustrante tocar sempre nas mesmas cidades, nas mesmas salas, para as mesmas pessoas.

– Ainda não tive a oportunidade de vos ver ao vivo, mas através de alguns vídeos demonstram a vossa dedicação ao 10270541_616514765096649_9192592401302855994_n-2death metal old school. Ora bem, são todos apaixonados deste género, ou é o vosso escape ao dia-a-dia, sendo este um dos géneros que até ouvem de vez em quando? O que achas do death metal produzido em Tampa Bay na Florida e que era gravado nos Morrisound Studios?

Todos nós somos uns privilegiados pois vivemos na época áurea da música dita extrema. Acompanhamos o surgimento do Death Metal, o tal oriundo de Tampa, Florida, gravado nos Morrisound Studios e, naturalmente, ficamos deslumbrados com a agressividade deste sub-género do metal.

Continuo a ouvir com regularidade os estandartes old school do Death Metal, mas não me limito aos mesmos.

Aliás, provavelmente ouço diariamente muito mais thrash, hard core e punk do que death propriamente dito.

Mas, neste campo, acredito ser a excepção da banda. Todos os outros membros são deathsters de sete costados lol

– Quais são os teus 3 álbuns favoritos de death metal?  

No meu top está o “Leprosy” dos Death, que considero a obra-prima do género e da banda em questão. Isto apesar do “Individual Thoughts Pattern” e o “Symbolic” figurarem igualmente nesse top.

Não sendo propriamente um estandarte deste estilo, os Napalm Death são uma das minhas bandas de eleição. E como, em certas fases da sua discografia, revelaram despudoradamente a sua costela death metal, não posso deixar de referir o álbum “Harmony Corruption” como um dos meus preferidos.

Por último, elejo o “Heartwork” dos Carcass, que mistura de forma sublime velocidade, peso e groove.

Mas podia nomear muitos outros. Benediction, Bolt Thrower, Gorefest, Cannibal Corpse, Obituary ou Entombed, todos têm álbuns dignos de figurar nesta lista.

– És um veterano da cena underground portuense e histórias não faltam. Como surgiu a tua paixão pelo metal e o que ouvias em miúdo? Como era o teu processo de descoberta de bandas?

É uma história caricata, que revela a falta de informação e divulgação que havia nessa altura.

Tudo começou por volta de 1986, quando assisti na RTP2 a um concerto de uma banda conectada com o movimento gótico. Algumas das músicas tinham guitarradas a abrir e os membros tinham cabelo comprido. Gravei em VHS e andava sempre a ver e ouvir aquilo. O meu irmão mais velho um dia disse-me que eram heavy metal e que tinha uns amigos na escola que curtiam esse som e que se quisesse pedia para me gravarem umas K7s.

Bendito erro! lol

A primeira K7 que me gravaram consistia numa compilação de bandas e temas que são hoje clássicos. “We are the Road Crue” dos Motörhead, “Motorbreath” dos Metallica, “Show no Mercy” dos Slayer, “Pleasure to Kill” dos Kreator, “Breaking the Law” dos Judas Priest, “The Rime of the Ancient Mariner” dos Iron Maiden, eram algumas das faixas que fizeram parte da minha estreia auditiva e que continuam a integrar a minha playlist.

Mas acima de tudo foram o ponto de partida para descoberta do universo do Heavy Metal.

A partir desse momento, não só continuei a cravar os tais amigos do meu irmão que, pouco tempo depois, fundaram uma das primeiras bandas de thrash da zona do Porto, os Hardness, como também comecei a frequentar a Bimotor e a Tubitek, que eram as únicas lojas de discos do Porto onde se encontravam vinis deste estilo, sendo também um local de convívio dos metaleiros.

Numa altura em que não havia internet e as publicações escritas praticamente ignoravam este estilo, o boca-a-boca era o meio de divulgação e descoberta por excelência de novas bandas.

O facto de toda a gente frequentar os mesmos locais, ir aos mesmos concertos facilitava a amizade e consequente troca de K7s e discos.

A propósito a banda de rock gótico eram os The Mission.

11707345_849915008423289_4724442659173433883_n– Fizeste parte de várias bandas, como Silêncio Extremo, Morbid Minds, Str@in (ex-Crackdown). Como nasceu a tua paixão pelas guitarras e como te englobavas nas bandas já que os estilos eram tão diferentes? Que achas da cena underground actual no Porto e arredores?

Sempre gostei de música e de vários instrumentos em geral. O facto de ter optado pela guitarra teve única e exclusivamente a ver com o acaso.

Na secundária, nos finais dos anos 80/início dos anos 90, já tinha no meu círculo de amizades algumas pessoas que, como eu, eram metaleiros. E a certa altura alguns deles começaram em falar em formar uma banda. Faltava um segundo guitarrista e eu fui escolhido para ocupar esse lugar. Foi assim que surgiram os Silêncio Extremo.

O som era cru e imaturo, pois estávamos todos a aprender a tocar. Apesar de espelhar um pouco todas as nossas influências, curiosamente aproximava-se mais do death metal que era a novidade da altura.

Os Morbid Minds, Crackdown e Str@in são, no fundo, a mesma banda. Os nomes foram-se alterando com as mudanças de line-up, evolução técnica e/ou sonoridades que ouvíamos e nos influenciavam. Mas o núcleo duro e criativo nestas três bandas sempre foi o mesmo: eu, o Alexandre (que fundou comigo os Assassinner) e o outro guitarrista José Farinha.

Actualmente, a cena underground é muito diferente. Há muitas mais bandas. O acesso a instrumentos de qualidade está generalizado e a aprendizagem dos vários instrumentos e técnicas é facilitado pela internet. O que tem influência na qualidade do produto que apresentam.

O facto de haver mais locais/festivais, com boas condições, também é óptimo para a divulgação do seu trabalho.

No entanto, penso que, na sua generalidade, a afluência do público está aquém do que vivenciei nos anos 80 e 90. Talvez pelo excesso de oferta ou quiçá pela falta de espírito ou de comunidade em sentido restrito.

Não querendo cair no saudosismo típico do português, do “antigamente é que era bom”, a verdade é que há duas décadas atrás cada concerto era um evento a não perder. Toda a gente do Porto e arredores (Maia, Matosinhos, Gaia, Gondomar, etc.) se esfalfava para comparecer. Apanhava um ou mais autocarros/camionetas, comboio ou simplesmente fazia kms a pé para poder ir a determinada actuação.

Isto porque ir a concertos não só era o meio primordial para conhecermos as bandas nacionais, como também se consubstanciava numa oportunidade para revermos amigos e convivermos um pouco com os nossos iguais. Isto numa altura em que não tínhamos facebook, youtube, messenger, nem sequer computadores ou internet lol

Actualmente o comodismo leva muitas vezes a melhor. O que é pena. Contra mim falo. Após uma jornada de trabalho, muitas vezes é o cansaço ou vontade de estar com família que vence.

– Também tens outra banda, chamada Assassinner praticantes de thrash metal / groove. Que novidades nos podes dizer acerca desta tua banda? Está prevista a edição de algum material nos próximos tempos? Como é a maneira de trabalhares com o Alexandre (voz e baixo), em que já o conheces pelo menos dos tempos de Morbid Minds, há mais de 20 anos?

Os Assassinner são a banda onde dou maior vazão àquilo que sou, musicalmente falando. Não só por ter sido um dos seus fundadores/mentores, mas também porque, desde sempre, optamos por não nos restringir a um sub-género de música extrema. Como gostamos de rock, thrash, death, grind, hard core, punk, etc. etc., é possível encontrar um pouco disto tudo no nosso som. Na prática, Assassinner é uma súmula das minhas influências e gostos e das do Alexandre.

Sucede que, a crise económica que assolou o país obrigou o Alexandre, companheiro de longos anos nestas lides musicais, a emigrar para abraçar melhores oportunidades profissionais. Como tal, suspendemos as actividades ao vivo dos Assassinner, mas a banda não terminou. Continuamos a compor novas ideias musicais, com todas as dificuldades inerentes à distância que nos separa.

Estando previsto o Alexandre vir a Portugal no final deste ano, queremos aproveitar a sua presença para registarmos dois temas novos, inéditos, para mostrar que estamos vivos e melhores que nunca. Será a primeira gravação da banda enquanto quarteto, com dois guitarristas. Até agora o nosso percurso tinha sido sempre no formato power trio. A edição será, em princípio, exclusivamente digital e gratuita.

Apesar de nos conhecermos há mais de 20 anos, nem sempre é fácil conciliar ideias, vontades ou egos. Por vezes, temos opiniões divergentes sobre o caminho a seguir, seja musical ou outro. Mas com um pouco de paciência tudo se resolve. Ao fim de tanto tempo de amizade, não será certamente a música, que esteve na sua origem, a acabar com a mesma.

– É tudo Ary e muito obrigado por teres respondido. As últimas linhas são tuas em que podes dizer o que bem entenderes!

Quero agradecer, mais uma vez, a amabilidade e interesse da Ode Lusitana em entrevistar-me e dar a conhecer um pouco o meu percurso e trabalho. Da minha parte, manifesto a minha inteira disponibilidade em colaborar naquilo que precisarem.

Contém com o exemplar do EP de estreia dos Cape Torment ainda em 2015 e, mais para o início do próximo ano, aguardem o novo registo dos Assassinner.

Grande abraço e até breve!

 


Extreme Unction – novo vídeo

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Extreme Unction banda icónica do death / doom metal nacional tem as suas raízes no ano de 1990 com origem em Santo António dos Cavaleiros, após se terem chamado numa primeira fase Guilhotina, banda que tinha sido formada em 1987.

Na década de noventa marcam o ritmo do metal nacional, com o lançamento das demos “Insane Procreation” (1992) e “In Sadness” (1993). No ano de 1993 participam com o tema “Insane Procreation” no split “Mortuary Vol. 1” em que também participaram Thormenthor, Bowelrot, Moonspell e Silent Scream. Em 1995 lançam através da Monasterium o seu único longa-duração com o título “In Limine Mortis“. Em 1999 ainda lançam a demo “Cursed” e fazem um hiato até 2008 quando lançam o tema “Cold Breeze of Winter“.

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De momento está na calha a apresentação do seu álbum “The Last Sacrament” em que a actual formação é constituída por Pedro Gonçalves “Pedrada” (voz), Koja Mutilator (baixo), Marco Marouco (guitarra), Sérgio Marcelino (guitarra) e Pedro Almeida “Tosher” (bateria).

Do novo trabalho segue o video clip “Banned Heritage“.