Antiquus Scriptum

Antiquus Scriptum, é um projecto nascido em Almada em 1998 e tem em Sacerdos Magus o seu mentor na divulgação desta sonoridade “unorthodox symphonic black / folk / thrash metal com influências ambientais”. A demo de estreia tem data de 1999, com o título “Tales From the Past Millenium”. Depois de mais algumas demos lança em 2002 o seu álbum de estreia “Abi in Malam Pestem”. Ao longo da sua existência a discografia conta já com 5 álbuns, sendo o último o álbum “Recovering the Throne (Tribute Album)”, mas está prevista a edição de um Best Of intitulado “… Outrora, Quando As Águas Choravam…“ e do seu novo trabalho “Imaginarium“.
Para conhecer este fantástico projecto estivemos a falar com Sacerdos Magus.
Olá Sacerdos Magus! Desde já é um prazer enorme teres aceite este pedido para uma entrevista e de fazeres parte com o teu projecto desta Ode Lusitana. Ainda te lembras de como começa esta tua paixão pelo Metal? Tinhas um grupo de amigos onde trocavam as edições das bandas e faziam tape-trading? Que lembranças tens dessa altura?
Olá Marco. O prazer é meu, amigo, infelizmente são poucos os convites para entrevistas a Antiquus Scriptum em zines e revistas, pois aqui em Portugal são sempre os mesmos a serem apoiados, são sempre os Filii Nigrantium Infernalium, os Corpus Christii, os Switchtense, os Holocausto Canibal, os PussyVibes, os Midnight Priest, enfim… Sempre os mesmos de sempre! Lá fora é a mesma tanga, são sempre os Moloch, os Xasthur, os Drowning The Light, Satanic Warmaster, etc… Infelizmente são sempre os mesmos a ser apoiados e é quase preciso andar a pedir por favor à entidades responsáveis para nos fazerem uma entrevista ou uma review, uma tristeza! Isto não é nada pessoal contra ti, Marco, mas é o que acontece. Vejo bandas novas acabadas de lançar o 1º trabalho, terem muitos mais apoios seja de editoras, zines, revistas ou rádios, do que Antiquus Scriptum que anda nisto desde 1998 e já vai com 5 (!) álbuns gravados, todos lançados profissionalmente no estrangeiro, apesar de não tocar ao vivo, uma completa vergonha!… Agora respondendo directamente à tua questão, sim, lembro-me bastante bem de quando entrei no Heavy Metal, foi em 1987, com o Thrash e claro, fazias-mos tape-trading, sim. As memórias desses tempos são douradas, foram tempos mágicos da nossa juventude! Trocava-mos k7s, discos de vinil, e os primeiros CDs que começaram a aparecer 1 ano antes e mais tarde, em 1992, fiz a minha 1ª banda de Thrash, os Anesthesia, e aí o pessoal das bandas começou também contactar-se por carta e a fazer tape-trading via correio… As coisas foram evoluindo, nós também fomos evoluindo como músicos, veio o Death Metal, depois, o Doom, o Black Metal e cá estou eu quase 30 anos depois ainda a batalhar pela música, com um projecto formado e consolidado e apesar da Net e dos downloads, ainda a fazer tape & cd-trading, muito por causa da minha distribuidora, a Eye Of Horus Distribution…
Decides enveredar pela via de músico e fazes parte de várias bandas, como Firstborn Evil / The Firstborn, Psycoma ou The Invertebrate e vocalista de sessão de Sistematic Collision. Ou seja, géneros bastante variados. Tinhas curiosidade em experimentar várias sonoridades? Como surgiram estas participações nestas bandas?
Sim, eu sou uma pessoa muito polivalente musicalmente e isso nota-se bem até em Antiquus Scriptum, quem conhece bem o projecto pode ver isso com nitidez… Gosto de quase todos os géneros de Metal (até ao Black Metal!), Punk e Hardcore (antigo!), Rock e Hard-Rock, do bom, (que no fundo são os pais do Heavy Metal), e oiço música variada mesmo fora do Metal, como Folklore de qualquer parte do mundo, música ambiental, música clássica e até gosto de música Pop dos anos 80. Como te disse comecei a tocar em bandas com os Anesthesia em 1992, como baixista & vocalista. Nunca gravamos nada, mas demos uns quantos concertos ao vivo e já serviu de rampa para o que viria a seguir. Em 1994 formei os Psycoma, banda de Punk / Crossover que cantava em português e onde desempenhava funções de baixista. Ao mesmo tempo, durante 94, eu e o Vítor Mendes que toca actualmente em Neoplasmah, fizemos um projecto de Grindcore, os The Invertebrate, onde eu era baixista & vocalista, para desanuviarmos do Punk, mas não era nada sério. Ainda gravamos 2 demo tapes, mas morreu tudo na praia quando em 1995 Psycoma acabou e eu formei os Firstborn Evil com o Bruno Fernandes, que ainda continua com The Firstborn, o Paulo Vieira, que continuou durante uns anos com The Firstborn, também, e que já passou por inúmeros projectos de Punk e Metal e é hoje guitarrista de Perpetratör, e o seu irmão Gustavo Vieira, que continuou igualmente em The Firstborn, por uns anos e me acompanhou em Antiquus Scriptum como teclista convidado até 2013, ano em que saiu o “Ars Longa, Vita Brevis…“, o último trabalho com ele. Fiz também de vocalista de sessão, como disseste, para Sistematic Collision, que eram os pre-Neoplasmah, quando saí dos Firstborn Evil, em 1998, mas esta experiência durou pouco tempo, pois tinha ideias já para um projecto de Pagan Black / Viking Metal (os meus estilos de Metal preferidos, juntamente com o Thrash), no que se revelou ser Antiquus Scriptum.
Em 1998 decides sair dos Firstborn Evil e formar Antiquus Scriptum junto com o Vítor Mendes e o Dário Duarte. Já tinhas uma boa definição do que querias para a banda? Como funcionavam os vossos ensaios e gravações?
Sim, em 1998 saio dos Firstborn Evil, mesmo nas vésperas da gravação do seu 1º álbum, “Rebirth Of Evil“, sendo até tão em cima da hora que foi o Paulão a gravar o baixo, pois não tinham tempo para integrar um baixista substituto… Formo os Antiquus Scriptum ainda nesse ano, com o Vítor Mendes (Asmodeus), que já vinha de Psycoma e The Invertebrate, como referi, e com o Dário Duarte (Drakonem Drakul), mas mesmo ensaiando e dando um único concerto ao vivo, em Almada, (o único até hoje do projecto, pois nunca mais toquei ao vivo), a participação deles era meio de músicos convidados, já, apesar dos ensaios. Tinha tão boa definição do que queria fazer, que a nossa “união” não durou sequer um ano e depressa os “despedi” da banda e continuei com o projecto a solo, depois de 1999, convidando como já disse o Gustavo Vieira (Helskir) para me ajudar nos teclados de estúdio e com a ajuda também do Paulo Vieira (Nyx Sludgedweller), que começou inicialmente por me gravar e produzir os trabalhos de estúdio, feito que perdura até hoje, e mais tarde, a partir do 1º álbum, “Abi In Malam Pestem“, também a participar na guitarra solo, em algumas baterias, coros e etc… Com o Dario e com o Vítor, as coisas não funcionavam muito bem, por isso os “despedi” e decidi continuar a solo. O Dario não tocava um caralho de bateria e o Vítor, apesar de bom músico, que ainda hoje o é, e da já nossa longa cumplicidade como músicos, não se encaixava muito bem no espírito BM de Antiquus Scriptum e além disso sempre foi uma pessoa muito fechada consigo mesmo e difícil de contar para certas coisas, ou de até simplesmente sair à rua para conviver ou beber um copo… Fartei-me, decidi que nunca mais iria ter bandas na minha vida, nunca mais iria tocar ao vivo e continuei com Antiquus Scriptum como uma one man band até hoje, embora já tenham passado inúmeros músicos convidados pelo projecto durante estes 17 anos de existência.
Que te fez formar uma one man band? Fala-nos um pouco do teu interesse por estes tipos de projectos e de alguns que não sendo one man band te atraíram bastante em termos de conceito, como por exemplo os Bathory?
Acho que já respondi mais ou menos ao que me fez formar uma one man band na resposta anterior. O que me fez despertar o interesse por ter uma one man band, foi o Boom de Black Metal nórdico, que chegou cá em 1994, 95, e o facto de muitos dos projectos que vinham do norte da Europa serem constituídos por 1 ou 2 elementos apenas. Não foi só Bathory e Burzum que me influenciaram por serem one man bands, mas também Satyricon, em termos de conceito, Emperor, Darkthrone, Enslaved, Gorgoroth, Dark Funeral, Dissection, Mörk Gryning, Master’s Hammer, e claro, Mayhem, entre tantos, tantos outros… Rendi-me simplesmente a esse conceito muito forte que vinha lá de cima, o de 1 ou 2 gajos fazerem tudo nas bandas e decidi que seria este o meu caminho futuramente. Em Portugal não é um conceito muito utilizado usualmente, o das one man bands, mas no norte da Europa e hoje em dia não só na Escandinávia, como na Rússia, Ucrânia, Polónia, França, etc, e diria até um pouco por todo o globo no que toca a Black Metal e derivados, é um conceito muito utilizado e escusado será de dizer que a maior parte das one man bands espalhadas por esse mundo fora não tocam ao vivo.
Começas com as edições e fazes um hiato devido a vários problemas pessoais entre 2002 e 2008, retornando nesse ano de 2008 com o segundo longa duração “Immortalis Factus“, voltando em grande com uma dedicação enorme e que se tem visto nos últimos anos. “Ars Longa, Vita Brevis…“, álbum de originais de 2013, fazes um álbum fantástico e variado de covers “Recovering The Throne (Tribute Album)” e já para início de 2016 tens o lançamento do duplo CD, que é um Best Of, intitulado “… Outrora, Quando As Águas Choravam…“. Fala-nos um pouco então desse teu retorno feito e destes últimos trabalhos?
O hiato foi sim entre 2003 e 2007, devido a uns problemas pessoais, e sim, voltei em 2008 com o 2º longa duração, “Immortalis Factus“, que saiu na altura por uma editora norte americana, a Ophiucus Records, em formato profissional, mas limitadíssimo a 100 cópias, apenas… A dedicação é sempre a mesma ao longo dos anos, só tenho pena realmente do projecto não ter mais reconhecimento, principalmente cá em Portugal, depois de um histórico tão rico e tão vasto como é o de Antiquus Scriptum. No geral os álbuns têm sido bem recebidos pelo público, apesar do pobre apoio das zines, revistas e rádios na divulgação dos mesmos, mas apesar de tudo tenho um público muito fiel e que me apoia bastante e não me posso mesmo assim queixar das vendas do merch do projecto. O processo de evolução tem sido normal como acontece com todas as bandas, para melhor, acho eu, e Antiquus Scriptum tem vindo a vincar a sua sonoridade que é, na minha suspeita opinião, muito peculiar, e a traçar a sua marca no Underground, não só com inúmeros trabalhos editados, mas principalmente com a qualidade e profissionalismo que caracterizam o projecto. O “… Outrora, Quando As Águas Choravam…“, vai ser um Duplo CD, que será lançado em Janeiro de 2016 pela alemã Pesttanz Klangschmiede e pela espanhola Negra Nit Distro, limitado a 666 cópias e que será uma retrospectiva destes longos 17 anos de projecto, reunindo os melhores temas de Antiquus Scriptum desde a 1ª demo de estúdio, “In Pulverem Reverteris“, até ao último álbum de originais, o “Ars Longa, Vita Brevis…“, incluíndo já alguns temas novos que temos feito até então e que ainda não foram editados. Espero que seja bem recebido também e que seja mais uma pedra na já sólida muralha que é Antiquus Scriptum!
Ao mesmo tempo estás a preparar um novo trabalho. Como estão a decorrer as composições para o próximo álbum “Imaginarium“? Podias explicar o teu método de trabalho? Ultimamente existem sempre duas presenças habituais nas tuas edições, que é a do Paulo Vieira (Paulão), que te tem ajudado a vários níveis e a editora alemã Pesttanz Klangschmiede. Como surgiram estas amizades e como trabalhas com eles?
Bom, as coisas com o “Imaginarium” (próximo álbum de originais), estão a decorrer normalmente e as composições vão fluindo naturalmente sem grandes esforços. Já sou um músico batido, podemos dizer, sei bem o que quero fazer em cada trabalho e não me preocupo muito com tecnicismos ou exuberâncias, deixando sempre o feeling falar mais alto e deixando as coisas fluírem naturalmente. Começo por escolher um título, e começo por fazer os riffs de guitarra e a bateria ao mesmo tempo, podendo ou não, depende dos casos, ir escrevendo logo a letra também e a faixa vai saindo naturalmente. Depois do esqueleto feito, vêm naturalmente os arranjos e melhoramentos e pronto, o tema fica pronto. Depois em estúdio gravo tudo da minha parte, ou seja, guitarras, bateria, baixo e vozes e aí é que é composto o teclado, sempre com a minha supervisão, acrescentados os solos, coros e todos os instrumentos que não me cabem a mim gravar. Sim, o Paulão, além de produtor, como já tinha dito, é sempre presença assídua na guitarra solo e coros e até já me tem feito algumas baterias e etc, tal como foi assídua a presença do seu irmão Gustavo Viera entre 2000 e 2013, substituído após a sua saída pelo seu irmão mais novo, o Ricardo Viera, que passou a fazer os teclados a partir daí; digamos que tenho a participação musical da família Vieira em peso em Antiquus Scriptum 🙂 São velhas amizades, já conheço este pessoal há 20 anos, toco com eles desde os Firstborn Evil, como já referi, e faz todo o sentido estar rodeado por músicos e amigos assim ao longo dos anos, mesmo não sendo membros efectivos. Sobre a Pesttanz Klangschmiede, foi uma editora que apareceu no início de 2013, depois de lançar toneladas de edições mais pequenas, muitas das vezes em formatos Pro CDr, e não profissional, por outras labels e foi uma editora que me lançou nesse ano o álbum “Ars Longa, Vita Brevis…“, limitado a 1.000 cópias em formato profissional jewel case + 100 cópias em formato deluxe digipack e fez isto com toda a discografia do projecto, não só com os álbuns subsequentes, mas também com os trabalhos antigos, lançando todos, 1 por 1, em formato jewel cases limitados a 1.000 cópias e em formato digipack, limitados a 100 cópias. É uma editora, que apesar de pequena, se esforça arduamente no que toca a promoção e divulgação do projecto, (esta sim!), e se tem desfeito em esforços para levar não só Antiquus Scriptum, como as restantes bandas da editora mais longe e só lhe tenho a agradecer por tudo e tenho muito orgulho em estar na germânica Pesttanz Klangschmiede!
Também tens a tua distribuidora “Eye Of Horus Distribution“. Como surgiu esta ideia e quais os planos futuros?
Bom, a Eye Of Horus Distribution nasceu em 2013 da minha necessidade de escoar os CDs de Antiquus Scriptum que provêm das royalties que as editoras me dão, sempre que sai um disco novo, ou uma reedição. Por exemplo, trabalho a 20% com a Pesttanz, no caso dos jewel cases e a 18% se forem digipacks, vinis ou t-shirts, o que dá 200 CDs para mim dos 1.000 fabricados, ou 18 digipacks ou t-shirts, de uma tiragem de 100 exemplares. Claro, que por mais que venda, nunca consigo vender 200 CDs de Antiquus Scriptum de uma virada só e como tenho já 5 álbuns editados, o stock começou-se a acumular aqui em casa… Como queria também ajudar na divulgação dos álbuns, resolvi criar a Eye Of Horus e comecei a fazer trade com várias editoras um pouco por todo o mundo, do material de Antiquus Scriptum, pelos lançamentos deles e não só. Depressa constituí um catálogo bem variado, como sabes, e comecei a ter, para além dos títulos de Antiquus Scriptum, items de outras bandas, não só de projectos de BM / Viking Metal, semelhantes a Antiquus Scriptum, como lançamentos também de Death Metal, Doom, Thrash ou whatever… Comecei a anunciar mensalmente essas listas de material no Facebook e comecei a ter muito bom feedback de algum pessoal, que começou a adquirir regularmente títulos da minha distro, apesar da crise que o mundo da música atravessa na venda de material físico. Assim, para além de ajudar a espalhar o material do meu projecto um pouco por todo o lado, ajudando a Pesttanz e a mim mesmo, consigo ter sempre um catálogo Underground variado e sempre vou vendendo alguma coisa. No fim, vendo bem as cenas, acabo por vender os 200 CDs que à partida eram de Antiquus Scriptum, mas que se transformaram em outros títulos e assim consigo não só escoar o meu merch do projecto, como ainda facturar alguma coisinha para ajudar a pagar os estúdios e todos os encargos financeiros que o projecto acarreta. Planos para o futuro com a distro não são muitos, deixa-me dizer-te… Poderia fazer um site, um blog ou uma página Facebook para a Eye Of Horus, mas sinceramente acho que isso não é necessário, pois tenho a minha clientela fiel através da minha página do meu FB pessoal e safo-me bem assim. Talvez um dia possa crescer e ter um site todo pipi para a Eye Of Horus, mas isso implicaria ter 1º um site profissional de Antiquus Scriptum, pois ainda não tenho, só tenho um blog que é o “Antiquarium“, para ajudar a promover o projecto na Net, aparte do FB. De momento estou bem assim, unicamente utilizando apenas a minha página pessoal do FB para anunciar mensalmente as novidades da Eye Of Horus. De futuro quiçá se não poderei alargar os horizontes e ter um site profissional, tanto para Antiquus Scriptum, como para a Eye Of Horus Distribution, mas por agora safo-me bem assim.
Que achas do nosso panorama nacional e que dicas podes dar às pessoas que estão agora a entrar neste meio, desde as bandas até aos que divulgam estas nossas sonoridades?
Desculpa a rispidez, mas não irei nomear quaisquer bandas nem editoras nacionais, simplesmente porque nunca vi Antiquus Scriptum ser referenciado por nenhuma banda e a nível de editoras, o apoio ao meu projecto, cá dentro, ser de rigorosamente ZERO! Como já disse na 1ª questão, são sempre os mesmos a ser referenciados e apoiados, parecendo que Antiquus Scriptum é um projecto de Categoria B, simplesmente porque não toca ao vivo… Vivemos num país mesquinho, de gente mesquinha e o Underground infelizmente não foge à regra. São só apoiadas nas zines, nas resvistas, nas rádios e mesmo pelas editoras, somente as bandas dos amigos dos amigos e vivemos num circulo completamente viciado, onde são sempre os mesmos a serem entrevistados ou a merecer uma review… Os media, seja mass, seja a nível Underground, estão podres e completamente viciados! Só se safam as bandas que têm cunhas e a mim particularmente, parece-me que as editoras cada vez têm mais mau gosto naquilo que editam e promovem, pois cada vez vejo mais palha, para não dizer merda, ser idolatrada e vangloriada logo ao 1º registo, muitas das vezes, enquanto cá andam pessoas e bandas nisto há uma vida inteira a esforçarem-se arduamente para manter os seus projectos activos, como é o caso de Antiquus Scriptum, projectos esses muitas das vezes com uma qualidade muito superior a essa trampa a que eles chamam de “revelação do ano” e coisas assim… Como nunca vi banda alguma referenciar Antiquus Scriptum como um projecto a seguir e como nunca tive apoio algum por parte de editoras credíveis cá em Portugal, as minhas referências são ZERO! No entanto poderei dizer aos mais novos, que apesar das toneladas de lixo que parecem crescer nos esgotos e ter o triplo da visibilidade de muitos projectos veteranos com qualidade duplamente superior, apoiem as bandas que gostam, comprem o merch das bandas e não se fiquem pelos downloads. Há sempre boas bandas a surgir em todos os estilos, (também não sou nenhum quadrado), e essas bandas ou projectos precisam do vosso apoio para sobreviver. Vão aos concertos, comprem um t-shirtzinha, o EP ou o álbum da banda e apoiem também aquelas editoras que se esforçam para lançar bandas de qualidade, e não merda que não trás nada de novo ao Underground e são uma réplica completa de tudo o que já foi feito… Apoiem principalmente os projectos antigos, pois eles mais que ninguém merecem ser apoiados por vós, pois já andam nisto há muitos Invernos e mais que ninguém, pelos seus currículos e empenho de décadas, merecem ser apoiados não só por vocês, como de deveriam acima de tudo ser apoiados pelos media, zines, rádios e todos os demais ligados ao Underground Metálico. Tenho dito!
Muito obrigado pelas tuas respostas e as últimas palavras são tuas.
Obrigado eu, mais uma vez pela oportunidade, Marco. As minhas últimas palavras resumir-se-iam ao que disse na resposta anterior, ou seja, pedir ao pessoal para apoiarem os projectos pequenos, não só nacionais como estrangeiros também, com a compra de merch e indo aos concertos das bandas que gostam. Não se resumam aos downloads, uma banda ou um álbum tem muito mais magia quando é ouvido no formato original e não apoiem nem comprem só Iron Maiden, ou Metallica, há milhões de bandas credíveis que precisam e merecem o vosso apoio incondicional, com a venda do seu diverso merchandise. Apoiem as editoras pequenas, não só as grandes majors, que se esforçam arduamente para comercializar e divulgar projectos de valor do nosso Underground e apoiem as poucas zines que ainda existem, como é o caso da “Ode Lusitana” e oiçam os poucos programas de rádio de Metal, muitos deles piratas ou através de Net-Radios, mas esforcem-se por usar aquela t-shirtzinha da banda que gostam e de promover e apoiar de alguma maneira essas bandas, não se limitando a ir a um blog e sacar a discografia a Mp3 e já está… As bandas, as editoras, as distros, as zines, as rádios, todas elas passam por grandes dificuldades para sobreviver, hoje em dia, devido à decadência do Metal e da queda das vendas de material físico, por isso lembrem-se, se aquela banda que gostam lançou uma demo, um EP ou um álbum novo, se tem uma t-shirt de qualidade que vos fique bem, porque não contactar a banda e encomendar este material, ou em vez de se estar a gastar rios de dinheiro em CDrs para reproduzir em casa, porque não comprar aquela tape que muitas vezes só custa 3 ou 4€, aquele vinilzinho precioso, ou aquele CD profissional que vai fazer as delicias das audições futuras lá em casa e tem de longe muito mais valor que uma pasta convertida em Mp3, que não tem valor emocional algum e só serve, (deveria ser assim), para promover o álbum e o projecto em causa e não é de maneira nenhuma alternativa ao CD, vinil, ou tapes originais! Tenho dito. Obrigado a ti, Marco, mais uma vez pela oportunidade e a todos os que lêem estas linhas e de algum modo apoiam o Underground, adquirindo o diverso material original. Força & Honra e abraço a todos!
Ode Lusitana # 10 – Outubro 2015 já disponível
O número de Outubro da Ode Lusitana já se encontra disponível para leitura e download.
Fanzine de divulgação do metal português com entrevistas a Antiquus Scriptum (Sacerdos Magus), Cape Torment (Ary Elias) e My Enchantment (Alex Zander). Notícias sobre Buried Alive, “Female Growlers United Front – The Unleash of the Witches”, Mosher Fest 2015, My Dementia, Santa Maria Summer Fest, Ravensire, Embraced By Fall e Eadem.
Terror Empire – primeiro vídeo

Terror Empire, banda de Coimbra fundada em 2009 e praticantes de thrash metal apresentam o seu primeiro vídeo, de nome “The Route of the Damned” do seu álbum de estreia “The Empire Strikes Black”. Este álbum foi lançado em fevereiro de 2015 através da editora Nordavind Records.
O álbum “The Empire Strikes Black”, foi antecedido pelo EP de 2012 “Face the Terror”.
A banda é constituida por Ricardo Martins (voz), Sérgio Alves (guitarra), Rui Alexandre (guitarra), Rui Puga (baixo) e João Dourado (bateria).
Som do Rock
Com formação em julho de 2014 nasce Som do Rock com o objectivo de divulgar os sons mais pesados através de vários meios. Desde a página do facebook até ao site, conta também desde novembro de 2014 com a edição da e-zine Som do Rock Magazine e tem lançado já várias compilações com nomes da cena nacional.
Com uma equipa recheada de vários colaboradores falamos com o Paulo Teixeira, responsável por todo este trabalho e que nos mostra a sua paixão por esta nobre causa.
Viva Paulo! É um prazer contar com a tua presença neste número da Ode Lusitana, por todo o trabalho que tens feito na divulgação do Metal e para começar queria perguntar-te como nasceu esta tua paixão pelo Metal? Tinhas lojas (ou as chamadas discotecas, que na altura vendiam discos!) que costumavas frequentar para conhecer novas sonoridades? O que ouvias com o teu grupo de amigos?
Antes de começar gostava de agradecer esta oportunidade.
O meu gosto pelo Metal nasceu tinha eu entre os doze e os treze anos, um dia ouvi na casa de um amigo um vinyl que o pai dele tinha e o som era bastante diferente daquele que estava habituado a ouvir em casa, aquilo mexia comigo era agradável.
Estavamos em 1979 hoje conto com 48 anos de idade.
Descobri que era Ozzy Osbourne, dai eu dizer sempre que o culpado por eu gostar de Metal é o Ozzy. Depois comecei a procurar mais e ia a lojas procurar e descobrir mais, lembro-me de uma que havia numa escadas junto à Rua do Carmo na Baixa de Lisboa, como o dinheiro era pouco e eu ainda um garoto limitava-me a ver e a ouvir.
O meu grupo de amigos não eram muito virados para este genero músical, foi ai que descobri com pena minha que ser Metaleiro em Portugal nessa altura era pouco recomendável. Lembro-me de uma vez à saida do liceu a mãe de um colega ter dito “ Não quero que andes com este tipo de pessoas, são má influência”, nunca mais me esqueci desta frase.
Em que altura começas a ter interesse pela parte escrita e de divulgação? Eras um consumidor de revistas / fanzines / newsletters? Quais os pontos positivos que estas publicações tinham e o que apreciavas mais dessas edições? Em que trabalhos de escrita participaste?
Uns anos mais tarde quando o só ir às lojas já não chegava passei a procurar por mais conhecimento, mas não era fácil encontrar publicações em Portugal, não devemos de esquecer que estávamos no início dos anos 80. Havia uma revista que comprava regularmente, era alemã e chamava-se POP CORN. Tinha muito que ler sobre o que se passava na Europa do norte, só era pena ser escrita em Alemão.
Com o passar dos anos começou a haver mais informação disponível mas só em 2011 comecei a participar de forma activa na escrita no site Metal em Portugal.
O que te levou a erguer o Som do Rock em Julho do ano passado? Como já comentei contigo é de louvar este teu projeto que tomou dimensões muito interessantes, mas até que ponto pensas fazer crescer este Som do Rock? Consegues explicar porque é que em Portugal a divulgação do Metal através dos vários meios de comunicação praticamente que desapareceu, estando aos poucos a voltar a erguer-se?
O Som do Rock foi criado para dar uma maior divulgação ao que se faz em terras lusas e além fronteiras, com segui estabelecer várias parcerias com outros sites e editoras em especial no Brasil e Finlândia. O Som do Rock vai crescer até onde for possivel com os meios existentes, está em estudo uma tornar o site mais interacticvo e com novas funcionalidades bem como a criação de app para andriod que já está em testes.
A explicação que encontro para que o Metal não seja divulgado para além dos meios que existem no nosso underground é o facto de ainda haver alguma resistência por parte do público em geral, logo as noticias de Metal não vendem por isso não haver divulgação, um exemplo recente foi o facto do Som do Rock ser Média Partner do PAX JULIA METAL FEST 2015 ter enviado informação para vários canais tais como a RTP, SIC RADICAL e não ter tido qualquer resposta.
Uma das coincidências fantásticas foi que o número zero da Ode Lusitana e o número zero da Som do Rock Magazine são editadas na mesma altura em Novembro de 2014! O que te levou a decidires criar uma magazine? Deves ter a mesma opinião do que eu, mas qual a importância da edição e distribuição (gratuita) desta magazine, facilitando a descarga em .pdf para quem estiver interessado? Qual a tua opinião de sermos um dos países europeus onde devemos ter o menor número de fanzines/magazines dedicadas ao Metal?
Verdade sem qualquer forma de termos combinado ambos os números zero sairam no mesmo mês.
A Som do Rock Magazine nasceu da necessidade de complementar o site, para além de partilharem alguma informação a Magazine tem seções únicas que não se encontram no site tais como o Correio dos leitores e em especial a Coluna mensal do Dico que é exclusiva da Magazine.
A edição e distribuição gratuita é importante pois é uma maneira de chegar a mais leitores e para quem gosta de ler em papel pode de forma gratuita descarregar e imprimir. Fica aqui uma dica de que houver os apoios necessário podemos passar a formato físico com edição em papel, tamanho pokect (A5)
De facto Portugal continua à margem do resto da Europa, temos uma grande comunidade mas poucos meios e informação, a internet é actualmente o melhor meio de comunicação.
Som do Rock, além do site, da página do facebook e da magazine, também se tem dedicado à divulgação de bandas nacionais através de compilações. Como tem sido a receptividade por parte das bandas e do público para estas edições? Já tens mais alguma planeada?
Esse é outro projecto que complementa o trabalho da equipa, achamos que todo o resto só fazia sentido com as compilações.
As Bandas desde o inicio tem aplaudido o projecto que já tem duas compilações, a “13 Bandas 13 Temas” e a “SunSet Metal 2015” esta última tembém com uma novidade que penso nunca ter sido feita em Portugal é em dois Volumes o primeiro com Bandas e o segundo com um set de DJ em que só é usados temas de Bandas Portuguesas é portanto o primeiro “CD” de DJ de Metal.
O público tem aderido bem, o número de downloads é optimista para o futuro.
Em relação a novos trabalhos pretendo lançar em Dezembro o “13 Bandas 13 Temas 2015” e no Verão o “SunSet Metal 2016”. Serão sempre em formato digital e gratuitos, se apoios houve-se era possivel passar a formato fisico.
Depois deste tempo todo o que achas do panorama actual do Metal nacional desde o público até às bandas? O que é necessário para tirar algumas pessoas do sofá e levá-las a um bar onde estão a tocar 3 bandas de metal e pagas 5 € por umas horas bem passadas? E ao mesmo tempo o que achas de ver gente tão nova a começar a aparecer nos concertos?
O Metal Nacional está bem vivo e recomenda-se, em relação às Bandas temos muitas já consagradas em terras lusas que já tem um cuidado na sua sonoridade que em nada fica a dever ao que se faz lá fora. Não sou contra o publico dar 40,00 ou 50,00 Euro para ver uma grande Banda internacional, mas não devem de esquecer que os 5,00 Euro dados para poderem ver tres ou mais Bandas Nacionais valem muito para quem dedica o seu tempo por com muito sacrifício pessoal e serve de incentivo à continuação do seu trabalho. Temos que apoiar mais o Metal Português merece a pena e não se vão arrepender, disso tenho a convicção.
E são com estas palavras que terminamos esta entrevista e queria agradecer-te por teres participado. As últimas palavras são tuas!
Mais uma vez queria agradecer a oportunidade e desejar à Ode Lusitana uma continuação do bom trabalho que faz em prole do nosso Metal.
Peço a todos os Metaleiros que apoiem o de bom que se faz no nosso País, as Bandas merecem tal como todos os que não estando na linha da frente também fazem o seu papel.
Ravensire – Novo tema
Os lisboetas Ravensire disponibilizam o tema “Temple at the End of the World“, que fará parte do álbum “The Cycle Never Ends” a editar no próximo ano de 2016. Para ouvir com atenção!
Formados em 2011 tinham já editado o seu primeiro longa-duração em 2013 com o nome “We March Forward“.
Baktheria
Há bandas que nos deixam com um sorriso no rosto quando colocamos um CD na aparelhagem e os Baktheria são um exemplo extraordinário!
Provenientes de Lisboa e formados em 2013 juntam o que há de melhor no death, thrash e punk, tocando esta mistura a abrir. Em Maio deste ano editam o seu primeiro trabalho “System Sickness” com 13 temas, onde pontificam Rui Vieira (voz/guitarra), Rui Marujo (baixo) e Alex Zander (bateria).
Foi com o Rui Vieira que falamos e nos explica o mundo desta banda.
Viva Rui! Bem-vindo à Ode Lusitana! Vamos começar por um pouco da tua história inicial com o Metal. Ainda te lembras quando é que se dá o teu início nestas audições metaleiras? Quem é que te iniciou nestas sonoridades? Tinhas algum grupo de amigos que se reunia para ouvir música e falar das bandas? Que bandas é que te cativaram?
Viva Marco, obrigado pelo teu convite e desde já uma saudação pelo teu interesse e contributo para a divulgação do underground e Metal em geral. Lembro-me perfeitamente do início. Digamos que foram duas fases que se interligaram. A primeira foi com Scorpions e Europe, pelo único acesso que existia ao rock naquela altura. Era isso que passava insistentemente na televisão, na RTP 1. Lembro-me da “Still Loving You” (Scorpions) e da “The Final Countdown” (Europe) estarem meses a fio no primeiro lugar do top. É claro que aquilo começou a mexer com a minha cabeça. Por volta de 86/87, e aqui dá-se a segunda fase, um amigo empresta-me a cassete que viria a revolucionar a minha vida. Tinha no seu interior, a bíblia, ou seja, “Live After Death” dos Iron Maiden, e também Metallica, Venom, Helloween e The Exploited, daí o meu gosto pelo Punk, que sempre andou de mãos dadas com o Metal. Entretanto, quando fui morar para Arruda dos Vinhos, conheci algumas pessoas que também partilhavam da religião metálica, como o Helder Rodrigues ou o Nuno Mariano, ambos actuais membros dos Machinergy. Nós tínhamos um ritual engraçado, isto por 88/89. Íamos à noite para o jardim municipal de Arruda curtir um sonoro com um rádio gigante da Sanyo, mas antes passávamos na padaria para comprar pão quente! Levávamos Coca-Cola e manteiga (!!!) e era a loucura! Entretanto, chegaria às nossas vidas o “Lança-Chamas” do António Sérgio e o “Rock Em Stock” do Luís Filipe Barros que revolucionou tudo e abriram as portas que faltavam.
Devem ter sido horas e horas de volta de uma aparelhagem até que te tornas músico e até começas a cantar. Como se deu esse interesse pela via instrumental?
Cisne Negro, Bicéfalo, Miss Cadaver, Machinergy, é sinal que tens vários interesses. O que procuras numa banda que inicias ou da qual fazes parte?
Sem dúvida, foram horas infinitas a ouvir o “Somewhere In Time” e a ver todos aqueles pormenores da capa, a tentar descobrir novos detalhes (ocultos)! O click para começar a criar música foi com o “Beneath the Remains”, foi ali que a necessidade de passar à composição surgiu. Isto porque os Sepultura, na minha opinião, para além de revolucionar, vieram também democratizar o Metal, mais concretamente o Thrash. Eram do Brasil, ou seja, não eram de nenhuma potência americana, britânica ou alemã, logo era possível vingar fora desse eixo metálico, desse triunvirato dominador, eram jovens com ar desportivo e cativante, a escrita era profundamente simples, embora acutilante, a música era de outro mundo, também ela, simples, a meu ver. Estes vários projectos/bandas em que estou envolvido são o reflexo do meu gosto vasto pela música pesada e pela música no geral. Eu consumo tudo e quero fazer um pouco de tudo enquanto cá estiver. A música que fizer é o que irá perdurar da minha memória, e é com essa permissa que eu me tento desdobrar em várias vertentes. E daí serem tudo projectos fundados ou co-fundados por mim. Não me vejo a integrar uma banda estabelecida, isso não me satisfaz. Cisne Negro será o próximo rebento. Aguardem!
A 16 de setembro de 2013 surgem os Baktheria. Pelos vistos a data ficou na memória! Como surge esta reunião entre tu, o Alex Zander e o Rui Marujo? Já os conhecias de há longa data? O humor e a boa disposição fazem parte da vossa atitude. É um requisito essencial nos Baktheria?
O requisito essencial é não tornar esta banda séria! Tem de ser/continuar simples, sarcástica, trabalhadora mas descontraída, sem grandes planos e/ou esquemas. Conheci o Alex através de um anúncio que coloquei no Metalunderground. Nessa altura, procurava baterista para Miss Cadaver e ainda ensaiámos algumas malhas mas a coisa ficou por ali até porque pouco tempo depois formei, com o Marujo (que já conhecia há algum tempo) e outro baterista, os Crustifiction, mas este projecto teve vida curta. É a seguir que nos juntamos os três e nascem os Baktheria com o objectivo de fazer barulho e berraria. Nos nossos concertos é onde essa faceta “humorística” se nota mais, essa forma descontraída com que nos apresentamos já faz parte do espectáculo. Afinal, um concerto é uma comunhão e boa disposição. É ainda melhor quando o Marujo está “quentinho”!
Em Maio deste ano editam o vosso álbum de estreia “System Sickness”. É uma chapada na cara quando se coloca a ouvir! Sei que vais falar bem do teu trabalho (e é verdade!), mas que achas destas críticas positivas que tem recebido? Houve alguma coisa engraçada que tenham comentado acerca do álbum?
Desde que começámos a compor, senti que algo fixe pudesse vir a acontecer. Penso que ao iniciar um projecto com o objectivo de ser simples, sem “rodriguinhos”, nos deixou logo sem aquela responsabilidade, aquele peso de ter que ser isto ou aquilo, de cumprir com regras. Não queremos saber, Baktheria é mandar tudo para o caralho, ponto. Acho que este trabalho, dentro da sua simplicidade, está bem conseguido, da música ao artwork e o que Baktheria encerra em si. As críticas têm sido muito agradáveis mas também não foram muitas até porque não estamos numa de andar a melgar o pessoal para fazer reviews e isso. Até nisso não nos levamos muito a sério… A review do Arte Metal do Brasil tem uma expressão engraçada e que resume bem Baktheria, qualquer coisa como “não estão aqui para enrolar…”. É isso mesmo!
Uma das coisas que vemos neste trabalho é a crueza do vosso som simples e directo. Como é que surgiram estes temas nos vossos ensaios? Quem é o principal compositor? A temática das vossa letras está em perfeita sintonia com o vosso som. É uma fórmula para manter ou querem experimentar coisas novas?
Os Baktheria nasceram com o propósito de ser uma banda simples e virada para o “vivo” e são como que um tributo a Ratos de Porão ou Extreme Noise Terror, não tenho problemas em assumir isso, nenhuns. Foi tudo muito rápido embora planeado. Eu e o Alex, compusemos, em pouco mais de dois meses, uns 10 ou 11 temas. Entretanto, o Rui Marujo (baixo) entrou e contribui com ideias para cerca de três temas. As letras, bem como toda a imagem e essência de Baktheria, é o mal, basicamente. Mas não é um mal fictício, é um mal bem terrestre. E esse conteúdo tem de ser traduzido em pura agressão musical! A fórmula é para manter, simples e eficaz. O que queremos mesmo no próximo trabalho é engrossar ainda mais o som, queremos um peso mesmo fodido!!!
Quando estás num concerto em que os Baktheria participam, és dos que se encostam ao bar a beber cerveja ou dos que estão atentos às bandas? Ou ambas as coisas? Que achas desta mistura em concertos de bandas novas, com o pessoal que já anda na estrada aos anos? Que conselhos darias a este pessoal mais novo?
A minha postura, normalmente, é de observação com uma cerveja na mão! Mas depois de tocar, só apetece é cair na cama, sair. Há uma grande descarga de adrenalina, fico seco, pensativo. Comigo é assim. Mas por respeito e também para curtir as outras bandas e estar com o pessoal, bebem-se umas cervejas, põe-se a conversa em dia, etc. Quanto à mistura que referes, acho muito bem. Por mim, qualquer coisa serve, o que importa é o respeito e humildade, boa onda entre as bandas, pessoal da organização, etc. O resto é lirismo. O conselho aplica-se a novos e velhos.
É tudo, Rui. Muito obrigado pelas tuas respostas e por esta tua participação. Podes deixar algumas palavras aos nossos leitores e aos vossos fãs!
Obrigado Marco pela entrevista e boa sorte para a Ode Lusitana e os teus projectos. Baktheria é banda de “vivo”, portanto, quando passarmos por onde vocês moram, apareçam que vão levar com uma descarga de barulho e cenas parvas, mas vão curtir.