Web
Web são uma das bandas que durante mais tempo tem espalhado a palavra do Metal por terras nacionais, com o seu thrash metal e que este ano fazem 30 anos de carreira.
Fundados em Outubro de 1986 no Porto, editaram até ao momento três longa-durações, “World Wild Web” (2005), “Deviance” (2011) e o mais recente “Everything Ends” (2015). Formados actualmente por Fernando Martins (voz / baixo), Victor Matos (guitarra), Filipe Ferreira (guitarra) e Pedro Soares (bateria), conseguiram evoluir ao longo dos anos e monstram o seu potente som.
Vamos conhecer um pouco mais de Web em entrevista com um dos músicos mais reconhecidos a nível nacional, o Victor Matos, membro fundador do grupo.
Olá Victor! É uma honra ter-te neste número da Ode Lusitana pela importância que tens mo metal nacional, seja em cima do palco, ou a assistir a muitos concertos e festivais pelo país fora. E a cereja acima do bolo é a edição deste álbum “Everything Ends”, passados quase 30 anos da formação da banda. Ao princípio o título do álbum podia levar a uma situação mais drástica, mas aí temos Web, a percorrer o país de lés a lés. Como tem sido as reacções ao álbum e o que as pessoas te tem dito? Qual a fórmula de manter o vosso som actualizado, levando a uma evolução constante da banda?
Antes de mais Viva! E obrigado por te teres lembrado dos Web.
O titulo do álbum insere-se no contexto do próprio álbum, nas letras, no artwork e no clima que pretende criar, mas como é obvio “Everything Ends” é um dado adquirido, não vale a pena tentar fugir disso, mais tarde ou mais cedo acontece!
As reacções ao álbum têm sido muito positivas, quem já conhece o percurso e o trabalho de Web fala em evolução técnica e sonora conseguindo sempre soar a Web. Aqueles que ouvem ou vêm Web pela primeira vez e já conheciam de nome costumam dizer-nos que não faziam ideia que a nossa sonoridade fosse esta e dão-nos parabéns! Os “virgens” mediante aquilo que ouvem ou vêm costumam ficar muito admirados quando se apercebem que a banda celebra agora 30 anos e que nunca esteve parada.
A fórmula para mantermos o som actualizado é simples e tem a ver com a nossa maneira de ser. Em termos de novidades acompanhamos sempre o meio nacional quer internacional, porque gostamos e esta é a nossa paixão! Não nos fechamos no passado, porque já passou e também não recusamos a novidade sem primeiro a conhecermos.
Penso que é esta atitude que naturalmente nos dá a tal evolução constante de que falas.
Este álbum serviu de mote à “Everything Ends Tour” com vários concertos ainda na calha como o Moita Metal Fest, SWR Metal Fest, Bulldozer Fest, Viseu Rock Fest, ou mesmo em espaços mais pequenos. Tive a oportunidade de os ver em vários sítios e é evidente a energia em cima do palco. Como tem corrido estes concertos? É notária a evolução nas condições e nas salas de concertos? És observador atento das bandas que partilham o palco com vocês? Tem previstas mais datas nesta tour?
Os concertos têm corrido muito bem! A parte I da tour com todos aqueles fins de semana seguidos foi excelente em termos de convívio com as outras bandas e com o público!
A parte II está agora a decorrer, em termos temporais é diferente, uma vez que é mais espaçada no tempo.
Posso desde já dizer que em termos de convívio está a acontecer a mesma situação atrás descrita, em termos de participação do público, está a ser brutal! Boas casas com muita participação do pessoal, notamos que muitos já cantam os temas do novo álbum e apercebermo-nos que temos muita malta nova lá presente, nova em termos de idade e nova por serem a primeira vez que assistem a um concerto de Web.
Este facto deixa-nos muito contentes
Todos sabemos a vossa história, mas como é que tu e o David Duarte começaram por ser roadies dos Tarantula? Podíamos dizer que já existia um aglomerado forte de pessoas na década de 80 que se interessava pela música mais extrema? Onde é que se juntavam e procuravam descobrir novas edições de bandas?
Sim mas eramos muito menos! Geralmente juntávamo-nos na escola secundária, nas casas de cada um, partilhávamos as revistas, (a maior parte em Alemão o que dificultava ainda mais), em dois ou três “tascos” no Porto, e claro, nos poucos concertos de que de vez em quando aconteciam! Em termos de frequência estamos a falar de cerca de meia dúzia por ano de bandas internacionais, e igual ou menos ainda de nacionais, e se estivermos a falar mesmo só de som extremos sem o “Rock”, eu diria mesmo que eram ainda menos…
Para terem uma ideia, mais de 80% dos vinis que adquiri na última metade dos anos 70 e da primeira dos anos 80 vieram de fora de Portugal, sobretudo do Corte Inglês de Vigo 😛
Depois abriu a Tubitek, mais tarde a Bimotor, pontos de referência no Porto, e já se trocava muita correspondência, com a particularidade do pedido da devolução do selo (lol), e as coisas já passaram a ser diferentes.
Em 1986, começam o vosso longo e saudável percurso, que foi interrompido por uma das coisas que a juventude de hoje em dia não tem conhecimento e que limitou algumas das bandas do nosso meio e que era o S.M.O. (Serviço Militar Obrigatório). Mas em 1992 fazem parte da compilação nacional “The Birth of a Tragedy”, e em 1994 editam a vossa primeira demo. A partir daí foi sempre a subir. Como definiram o som que queriam fazer no início? Havia alguém na banda que indicou que o caminho era o thrash metal? Como era o ambiente que se viva no meio da década de 90 a nível de concertos, público e bandas?
Nascemos em 1986 e a nossa estreia deu-se em 1987 no Rock Rendez Vouz. Foi muito auspiciosa e voltaríamos lá um ano mais tarde. De facto, na altura o SMO atrasou um pouco o nosso percurso. Devido à nossa idade ser em “escadinha” começamos a ir à vez, e quando um estava para sair entrava outro, na altura, o tempo médio foi de ano e meio.
Nunca nos preocupamos muito com o dito estilo, a principio, talvez devido aos temas serem mais arrastados fomos conotados com uns certos sons que estavam a proliferar na Europa mas por cá ainda eram pouco conhecidos, estou a falar de Black Metal e Death Metal. A partir da “Evil Tape” começamos a ser decididamente conectados com o Thrash Metal.
No meio da década de 90 houve um boom e começaram a haver muitos mais concertos, fanzines, salas e bares abertos ao dito som extremo. Enfim, o meio começou a proliferar e como é logico os Web pertencendo a este mesmo, e já na altura sendo considerada como uma banda veterana também começamos a tocar com muita mais frequência, editar demos, partilhar palcos com bandas estrangeiras, etc.
Já na altura em que o underground estava a regredir o David teve de abandonar a banda (finais de 1997), devido a doença, que 4 anos mais tarde nos retiraria a sua presença física… Eu e o Fernando tivemos de “levar o barco” por diante, não vou dizer que tivemos de recomeçar tudo de novo, uma vez que o nome Web já estava praticamente consolidado no meio Metálico Português, mas tivemos de “enterrar e expurgar velhos fantasmas” o que podem crer foi muito pior mesmo…
Passado menos de um ano, depois de muitos ensaios já com a nova formação, lá conseguimos dar um concerto e continuar a andar com a causa prá frente.
Como surgiram as tuas ligações com o Fernando Martins e o Pedro Soares? E já em 2005 como surge o Filipe Ferreira? Todos tem gostos musicais diferentes, ou partilham as mesma influências. Pelo que já vi, o teu gosto musical é bastante variado.
O Fernando conheci-o através do David, na altura era assíduo cliente/frequentador da Halloween, (para quem não sabe uma das primeiras lojas dedicadas inteiramente ao Heavy Metal que era da pertença do David e da esposa e se situava no C.C. Stop), na altura estávamos com uma remodelação na banda, saíram 3 elementos e entrando outros 3, e foi com este novo line up que gravamos a “Promo Tape”.
O Pedro respondeu a um anuncio que viu precisamente na Halloween, isto em Outubro de 1997 quando houve a última grade remodelação nos Web.
O Filipe também se candidatou ao lugar vago de guitarrista, na altura para podermos começar a promover o “World Wild Web” que tinha acabado de ser editado.
Nós partilhamos mais ou menos os mesmos gostos com umas certas diferenças nas preferências de bandas ou estilos. No meu caso consumo um leque muito variado de Metal, Rock e Blues, depende muito do momento e da oportunidade, não me preocupo com rótulos, o que gosto, gosto o que não gosto, não quer dizer que não preste, apenas que não gosto, o problema até pode ser meu, por isso paciência…
Actualmente temos a teia da internet que se tornou parte do nosso dia-a-dia, tornando possível aceder a muita informação e muita música. Utilizas as tecnologias para descobrir novas bandas, ou és mais selectivo na quantidade enorme de bandas que se descobrem todos os dias. Este meio facilitou a divulgação das bandas, ou limitou-o devido a essa mesma grande quantidade de informação? O que é necessário para singrar no nosso meio?
Sim utilizo bastante, muitas vezes opto por ouvir bandas de países não muito comuns e bandas que nem sequer tinha ouvido falar nelas, e isso agrada-me muito, dá-me muito prazer conhecer cenas novas e ficar a gostar delas.
Penso que a quantidade enorme de informação apesar de ter aspectos negativos, os positivos se forem bem aproveitados superam e de que maneira os negativos, não curto nada a frase “no meu tempo é que era”, não era já foi, por isso já passou, agora se o soubeste aproveitar ou não isso já é outra história.
Para singramos no nosso meio, é preciso perseverança, gosto, empenho e disponibilidade, mas isso é como tudo na vida, o resto com certeza que mais tarde ou mais cedo irá aparecer, por algum motivo se costuma dizer que a sorte protege os audazes!
E terminamos por aqui esta entrevista. Queria-te agradecer pelas tuas respostas e bebemos um copo num próximo concerto algures pelo país. As últimas palavras são tuas!
Eu é que agradeço quer a entrevista, quer o teu modo de estar e apoiar o nosso meio, e como últimas palavras convido o pessoal a aparecer num concerto qualquer num sítio qualquer a juntar-se a nós e bebermos o tal copo juntos.
IIN METAL WE TRUST!!! IN UNION WE STAND!
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